terça-feira, 23 de fevereiro de 2010


Poesia Carioca

Índice:

O rio
Versos Curtos
Dois Irmãos
Skyline Carioca
Impatiens
Eu
Carta Testamento
Feitiço
Finados
Um dia após o outro
Certidão de Nascimento
Carência
Semana que vem chega o caminhão
Não amar
Santidade
Insônia
Insônia
Homem de sorte
Às vezes
Eternidade
Será
Livros
Amor de última hora
Degas
Chagall
Klimt
Schiele
Manara
Louvre
Envelhecer
Vocês
Nós
Amor Pleonástico
Cat lover's
Lacrima
Motel Barato
Alice
Mulher super especial
Gatos
Gatos e loucos
Teu peito
Cães
Sexta
Amores Rarefeitos
Dama Vulgar
Adultério
Conversa de Amigo
Doce Riso
Conte outra
Gata sem sutiã
Adios Nonino Felino
Lua Minguante

Amor à Antiga
ATO 1 Restaurante
ATO 2 Motel
ATO 3 Rua em Ipanema
ATO 4 Algum lugar do Planeta

Poeminha cretino para um dia de sol
Incenso
Súcubo
Saudade
Retiro
Doce Insulto
Porto Alegre
Geração 90
Observador
Lisboa
Barroco Brasiliense
Lealdade
Verão 90
Insônia Fútil
Rapaz de Família
Interseção Matemática
Simultaneidade
Não se sinta mal
Bichos
Viver é fácil
Ameaças
Teu ventre
Gatos
Dia 30
Milonga de 3
Múltipla
Ivan
Memória Abreviada
Serial Killer do Jardim Botânico
Voz
Ansiedade
Pateta
Cheiros
Poema convencido que você nunca vai ler
Doutora
Papel Canson
Futuro Improvável
Lembre-se
Ciumentos
Noite
Café da Manhã
Coincidências
Os 4 Gatos
Ezeiza
Mulheres
Maneco
Criança
O rio
Bênção
Traição
Pré-Verão Carioca
Descendo o Alto
Centro à noite
Prédios Escrotos
Bairrismo Carioca
Chuva em Ipanema
Bacalhau do Antiquarius
Amasso na Urca
Chuva
Copacabana
A última megalópole feliz do mundo



A última megalópole feliz do mundo

A última megalópole feliz do mundo


Conversa
com o jornaleiro,
uma brisa morena no ar,
mau humor do português
do botequim
e a cidade insuportavelmente
feliz com a vitória
do Flamengo.

É assim que eu me lembro do Rio da minha infância.

Copacabana


Copacabana


Quando coloco os meus pés
em Copacabana,
tudo o que escrevo
parece infantil e profano.

Chuva


A chuva deixa o meu Rio
como um cenário que mais parece
uma contracapa dos discos,
ainda em vinil,
das bandas inglesas nos anos 80.

Deixa na minha boca um gosto de saudade
dos dias que ficava em casa,
sem ir para o Colégio,
vendo Sessão da Tarde.

Amo a Chuva, Amo São Sebastião do Rio de Janeiro e
Amo Você.
Amasso na Urca


Quero te dizer que te amo,
te roubar um beijo na Urca
e num leve amasso no carro
morder tua nuca.

Bacalhau do Antiquarius


Um prato farto
entre executivos e
um monte de gente que se acha.
O azeite rega a comida
abundantemente.
Na boca o gosto de
sermos todos portugueses.

Chuva em Ipanema


Confesso que amo
dias de chuva,
talvez até porque detesto dias de sol,
mas amo dias de chuva.

A cidade serena,
cinza e linda.
O asfalto cenograficamente reluzente.

Fotografia em branco e preto
vista com amor pelos meus olhos coloridos.

Bairrismo Carioca


Paris realmente é uma boa.
Mas sabe de uma coisa?
Apesar do Marais e deux Magaux
não tem a Urca
nem o Bar Lagoa.

Prédios Escrotos


Tentam
cagar minha
cidade
com aberrações
arquitetônicas
que desafiam
o bom gosto.
Num acesso de fúria
sugiro a implosão.
Centro à noite


Meus olhos de pai
fizeram com que
eu reparasse o
brilho dos prédios
do centro da cidade.
Um brilho noturno
que eu só enxergava
quando criança
nos passeios noturnos,
para ver os letreiros de publicidade
acesos e alegres
como uma criança de seis anos.

Descendo o Alto


Faço gestos obscenos para o Sol,
até parece que ele se importa comigo.
Aumento o rádio,
piso no acelerador,
coloco meus óculos escuros
e dou uma gargalhada sonora
antes de chegar na Barra.

Traição


O Rio às vezes
me trai.
Mas a paixão
de ter o amor
da menina
mais linda do bordel
compensa.
Traição


O Rio às vezes
me trai.
Mas a paixão
de ter o amor
da menina
mais linda do bordel
compensa.
Bênção


Banalizamos
a bênção
de viver num
cartão postal.
Criança


Criança que ri,
suja o assento do carro
com a mão melada
e restos de cachorro quente.
Ajeita o que derruba,
fazendo cara de quem fez arte e
carrega sempre uma desculpa
no sorriso infantil.

Lembre-se:
Crianças riem
e Mulheres choram.

Maneco

Maneco

para Manoel Carlos


pra mim você é
um verbete
do Aurélio
para definir a palavra
Pai.
Divido com você
o amor por Carolina
e o gosto por café amargo.

Mulheres

Mulheres


Mulheres,
armadilhas de Deus
para pegar o Diabo.
Todas merecem ser amadas,
idolatradas e presunçosamente
protegidas.

Ezeiza


Laurita,
exijo que Ezeiza
passe a se chamar
Aeroporto Internacional Astor Piazzola.

Pegarei o Avião do meio-dia no Tom Jobim
e chegarei no Piazzola na hora exata da tarde,
sem atrasos e musicalmente encantado.

Os 4 Gatos

Os 4 Gatos


Tenho 4 gatos
onomatopaicos.
O rei gato,
um pingüim felino,
se chama Frajuto.
O que não me dá bola
tem no registro
o nome de Benjamim.
Os dois confiados
que destroem a casa
assinariam o nome
como Bonifácio e Bartolomeu,
mas vêm quando são
chamados de bege e black.

Coincidências

Coincidências


Vamos celebrar
as coincidências.
Verdadeiras Deusas
disfarçadas
de cores, nomes, gostos
e momentos.

Café da Manhã

Café da Manhã


Até que a gente consegue
não se matar no café da manhã.

Tem dias de paixão que parecemos
casal de anúncio de margarina.
Mesmo quando desarrumo seu jornal,
você fala no seu idioma particular,
o gato morde minha perna e o cachorro fica latindo.

Vou para o trabalho feliz com um beijo na boca
e o pedido para não chegar tarde.
Noite


Viro a noite,
ensandecido,
com a barba por fazer
deixo no papel versos tolos para você.
Fica comigo.

Ciumentos

Ciumentos

para Theo, Mônica, Patty, Velho Graça e Suely


Meus irmãos
disputavam,
minuto a minuto,
minha mãe
com o meu pai.
Eu desde pequeno
aprendi a rir
das situações
passionais.

Lembre-se

Lembre-se


Vampira,
por favor mantenha o
mundo em harmonia.
Não me peça tanto amor,
cumplicidade ou companhia.
Futuro Improvável


Criança
pegue a Juliana e o Pedro
e coloque no balanço.

Balança o futuro improvável,
possível,
com tua mão de mãe,
nesta dança
da mulher-criança.

Papel Canson

Papel Canson


Desenho teu corpo esguio
numa folha áspera de papel canson.
O telefone toca e
tua voz suave deixa um recado na máquina.
Fingi que não ouvi.
Fingi que não te amava.

Doutora

Doutora


Evite o ácido,
o café
e o chocolate.

Se for usar algum excesso que te faz mal,
então que seja eu.

Poema convencido que você nunca vai ler

Poema convencido que você nunca vai ler


Sabe o que me faz rir gabolamente?
Aquele cartão que você me enviou.
Aquele que tem escrito
uma música,
acho que do Chico,
"Olhos nos Olhos".

E quando você chega,
me liga ansiosa do Aeroporto
no cio e repleta de saudade.

O ego fica lá em cima.

Cheiros


Faz três dias
que, misteriosamente,
apareceu na minha mão
o cheiro do teu perfume.

Lembro do cheiro
de chuva, de adolescência
e de imprudência.

Pateta

para Marcello Mastroianni


Olhar pateta,
sonso e perdido.
Meu ator predileto,
descanse em paz.

Ansiedade

Ansiedade


Você perde a hora,
e eu o humor.
Falta de paciência.
Puro medo da morte
disfarçado de ansiedade.

Medo que ela chegue
sem mandar um telegrama
e não dê tempo para
terminar o que não comecei.

Voz

Voz

para Cidinha


Voz de uma gente
sem voz.
Coragem e
honestidade
no limite da responsabilidade.
Nossas brigas
de rompantes
sem arranhões.
Macarrão no domingo?
Molho vermelho ou branco?

Serial Killer do Jardim Botânico

Serial Killer do Jardim Botânico


O telefone me irrita,
a música baiana me causa enxaqueca
a comida gordurosa me enjoa e
o ser humano me incomoda.

Em dias de mau humor
a gente entende os assassinos em série.

Cuidado!

(Risos)

Memória Abreviada

Memória Abreviada


Dentro de bem pouco tempo,
digamos 6 meses,
eu não me lembrarei do seu nome,
nem você do meu.
Somente a coincidência
de assinarmos grandes
nomes de batismo apenas com 4 letras.

Ivan

Ivan


Morreu Ivan
o gato siamês
do meu vizinho
de nome engraçado.

Fiquei triste.
De manhã as marcas
das patas de Ivan
no capô do meu carro preto
me davam a certeza
de que meu corro estava bento.
Bento e protegido
contra acidentes e olho gordo.
Ungido pelos pés sagrados do gato.

Gatos, infeliz de quem não conhece
ou vive sem eles.

Múltipla


Múltipla


Tua boca múltipla e pura
me beija
indecentemente,
indiretamente.

Milonga de 3

Milonga de 3


Meu mau humor
não perdoa nem o carinho
da sua milonga de 3.
Ritmo, cadência e sensualidade.
Piazzolamente falando.

Dia 30

Dia 30


Quero te roubar um sorriso
com beijos adolescentes,
te fazer feliz
com carinhos castos
e desejos obscenos.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Gatos

Gatos


Tem no olhar
o orgulho,
na barriga
a gula,
na vida
a preguiça,
nas gatas
a luxúria,
no cobertor
a avareza,
na janela
a inveja,
no acordar
a ira.
Deuses perfeitos
inabaláveis
por pecados humanos.
Teu ventre


Cultivo meus defeitos,
e não são poucos,
dos que você me lembra,
uma vez por dia,
em parte concordo:
machista,
tolo
e facilmente excitável.

Pois bem,
machistamente e tolo afirmo:
quero um filho meu
no teu ventre.

A parte do facilmente excitável colabora para
o resto.

Ameaças

Ameaças


Lembra aquela sua idéia
de me acordar de manhã,
num domingo,
com champagne, nescau e racumim?
Pois é, eu não esqueci.

Viver é fácil

Viver é fácil


Desamarre o sapato.
Fique descalça.
Beba gelado,
direto da garrafa.
Ande na contra mão,
não atenda o telefone,
tire o despertador do quarto
e aproveite a vida.
O ócio e 4 gatos.

Bichos

Bichos


Já poemei
o cachorro
de olhos azuis
como os meus
que são verdes.
O gato branco e preto que
uiva e late
e o cachorro ciumento.
Faltou citar
o gatinho ruivo
que chegou agora
e dorme sem cerimônias
no sofá azul.
Vocês são a melhor
companhia que
a solidão por opção
pode desejar.

Não se sinta mal

Não se sinta mal


Não se sinta mal.
Você é uma mulher especial,
mas me ama demais
e eu amo você sem superlativos.
Detesto relação desigual.
Um beijo e Tchau.

Simultaneidade

Simultaneidade


Simultaneidade
bem disposta
indecentemente exposta
insistindo na rima
do jeito que a gente gosta.

Interseção Matemática

Interseção Matemática


"A" tem falado, apaixonadamente,
mal de "D".

Comentários que parecem
ensaiados e afinados numa conversa íntima
com "C", que, ciumentamente,
também atira na pianista.

"B" de bobo, está sendo bandeira pura.

Rapaz de Família

Rapaz de Família


Adorei sua irmã,
mas você era mais dedicada.
As duas fizeram de mim
o brasileiro mais feliz.

Insônia Fútil

Insônia Fútil


Se aquieta
minha estante.
Nada de Plath, Pessoa
Almeida, Bandeira ou Quintana.
Na insônia de hoje
só quero ver figuras.

Verão 90

Verão 90


Tua beleza se foi,
perdida no tempo,
consumida pelo câncer.

Restam detalhes de uma cidade,
uma Vespa vermelha
e fotos que não sei onde deixei.

Lealdade


Ao lado do Prado
e do Ritz
está a Lealdade
máxima que tenho para lhe dar.

Se servir você me avisa.

Barroco Brasiliense

Barroco Brasiliense

Para Renato Russo


Lirismo melancólico,
unindo parte de gerações.
Um barroco brasiliense
poemando o rock nacional.

Lisboa


Ah, Lisboa,
eu como um cão andaluz
perdido
com um Buñuel
na trave
em Borges promessas
não realizadas.

Observador

Observador


Observador
que observa a dor
que serve
ao servo.
Serve?

Geração 90

Geração 90


Rica
sem crítica,
que sina
da bela, morena e
saudável
geração perdida

Porto Alegre

Porto Alegre


Alegre porto triste
de verões insuportáveis,
invernos frios,
ruas de paralelepípedos
e mulheres bonitas.
No privilégio de fins de semana
com Mário Quintana,
subscrevo.

Doce Insulto

Doce Insulto


Recebo,
com paciência e carinho,
seu doce insulto
dulce.

Retiro

Retiro


Puerta de Acalá
aberta
como uma camisa
branca de linho
num verão.
Que Madrid seja e esteja aqui.

Saudade

Saudade


Saudade,
palavra bonita
que eu só vejo
em português.

Súcubo

Súcubo


Um Súcubo
cruzou o meu caminho.
Falei que não troco pneu
e chamei o reboque.

Incenso

Incenso


Acendo um incenso insano.
Enquanto você me tira
da sua pele e da sua alma,
eu apenas envelheço mais um ano.

Poeminha Cretino para um dia de sol

Poeminha Cretino para um dia de sol


Tenho
uma novidade aí.
Aceito seu convite,
vou usar minha bermuda colorida
no Havaí.

Amor à antiga

Amor à antiga

ATO 1
Restaurante

Olho no Olho.
Mão na Mão.
Mão na coxa.
Mão no sexo.
Beijo na boca.
Cai o pano.

ATO 2
Motel

Bambina,
molto bene ragazza.
Beijo na Nuca.
Peito na Boca.
Respiração ofegante.
Pau duro,
ao alto e avante.
Uma hora e treze minutos.
Ato corrido.
Coito interrompido.
Intervalo para o chá.

ATO 3
Rua em Ipanema

Choro,
Soluço,
Culpa e
Desculpa.
Tua Boca triste.
Meu Falo ainda em riste.
Fica em Ipanema,
sorrateiramente,
ano que vem,
você faz de novo esta cena.

ATO 4
Algum lugar do Planeta.

Repete-se o ATO 1
e segue a ordem.

Lua Minguante

Lua Minguante


A vida assusta.
Parece às vezes que míngua.
Minguantemente calma
em cada nova lua ansiosa.

Adios Nonino Felino

Adios Nonino Felino


Meu gato branco e preto
cantarola Adios Nonino.
Parece mentira,
mas juro que é verdade.
Se você vier aqui em casa
eu lhe mostro.

Gata sem sutiã

Gata sem sutiã


Pode não ter sushi amanhã,
mas quero você,
gata sem sutiã.

Conte outra

Conte outra


Navalha de fio afiado
corta o fio da meada
da história mal contada
da madrasta má
envenenada com a xícara de chá.

Doce Riso

Doce Riso


Risos soltos,
cores disformes e lindas
nesta viagem.

A falsa rosa na TV.
Quero fugir daqui e
dormir com você.

Conversa de Amigo

Conversa de Amigo


Você tem falado sozinha
e conversado com a televisão.
Por Deus,
você briga com a apresentadora
do telejornal!
Tenho trabalhado demais e
lhe deixado em casa sozinha,
mês que vem chego mais cedo
para lhe fazer companhia.

Adultério

Adultério


Adultério.
Mistério
no Monastério.
Por favor,
não me leve tão a sério.

Dama Vulgar

Dama Vulgar


Um vestido vermelho
de quinta categoria.
Um comentário sempre insosso
e com português duvidoso.
Ah, mas um peitinho e uma bunda
que na cama me fazem a alegria.

Amores Rarefeitos

Amores Rarefeitos


Fui eu quem te mandou
embora,
mas tua falta me faz falta.

Me falta ar para respirar.
Culpa destes dias úmidos
e amores rarefeitos.

Sexta

Sexta


Hoje não quero ninguém
além de você,
na lingerie preta de sempre,
para transarmos como nunca.

Cães

Cães


Incondicionais e fiéis.
Bajuladores autênticos.
Atendem por Gorby,
Fred e Ed.
Transformam meu Domingo
em dia santo.

Teu peito

Teu peito


Me assusto.
Teu busto
não é mais apenas
um busto.
Um seio,
que receio
por um filho no peito,
por um filho no ventre.
Beijo tua boca e esqueço.

Gatos e Loucos

Gatos e Loucos

para Nise da Silveira


Quem celebra gatos
e a loucura,
se é que existe definição para Loucos e Gatos,
merece um beijo,
um beijo na testa.
De reverência e admiração.

Gatos

Gatos


Gatos não são sem raça por definição.
São por opção.
Um gato nunca é o que não quer ser.

Mulher super especial

Mulher super especial

para Maria Carolina


Só conheço dois tipos de mulher:
as especiais e as muito especiais.
Será que preciso dizer toda noite,
mais precisamente
às duas da manhã,
que você está acima destas?

Alice

Alice


É elegia.
Dor de parto
e volta pra casa
de mãos vazias
e coração marcado.

Motel Barato


Nossas aventuras
num motel barato.
Paixões de toda uma vida
encenadas no último ato.
Cenas de um intenso amor
transformado em mero relato.

Lacrima

Lacrima


Lágrimas salgadas
adoçam o mundo de mentiras.

Cat lover's

Cat lover's


Nunca conheci uma pessoa
totalmente desinteressante que goste de gatos.
Nem que seja pelo simples fato
de ter um comentário ronronante.
Mas quem gosta de gatos entende melhor
o ser humano.
No duplo sentido do ser.

Amor Pleonástico

Amor Pleonástico


Já te falei que gosto de
beijos beijados
que escorrem escorridos
como o visco viscoso
do suor suado
deste amor amado.

Inconstantemente,
Eu te amo pleonasticamente.

Nós

Nós


Útil e fútil
meu e teu
sol e sal.

Amor e Dor.

Este poema é para Maria.

Envelhecer

Envelhecer


Envelhecer é uma arte,
que quando se aprende,
já é hora de ir.

Louvre

Louvre


Menino pobre
perdido
com os olhos molhados
de emoção.

Manara

Manara


Me apaixono
e te traio
com as mulheres
de Manara.

Schiele

Schiele


No traço forte,
obcecado e confuso
me vejo.
A sua arte
eu invejo.

Klimt

Klimt


Rebusca em dourado
a forma da mulher.
Excita sensualmente.

Chagall

Chagall


Socou meu estômago.
Tocou minha alma.
Acordou minha insônia.

Degas

Degas


Na leveza e
no dorso feminino,
tão puro,
me encanta
a nuca da mulher.

Amor de última hora

Amor de última hora


Amo, desesperadamente,
um amor de última hora
como se a hora fosse a última.

Livros

Livros


Marco meus livros
de um modo fetichista.
Anotações e comentários
como cicatrizes e marcas de amor.

Alguns nunca são totalmente lidos.
Intervalos regulares
e casos de leitura contínua.

É uma questão de momento,
desejo e silêncio.

Será

Será


Será que um dia o amor acaba?
Será que existe rock sem guitarra?
Será que o romântico inocente mente?
Mente inocente deslavadamente.

Eternidade

Eternidade


A angústia e o mal dormir
me envelhecem.


Sinto o peso da eternidade nos ombros.
E uma certeza de ainda ter outra
eternidade por viver.
Às vezes


Às vezes eu me acho um chato.
Encontro defeito em tudo.
Não gosto do jeito que o Paco toca,
acho que Bach deveria ter feito diferente...
Bártok e Miles Davis nestes dias
nem pensar,
pobres mortais.


Às vezes eu reclamo de tudo.
Se está sol,
queria um dia de chuva.
Se está chovendo,
queria um dia de sol.
Às vezes quero Madri,
se em Madri
eu queria estar aqui.
Às vezes eu me acho um chato.

Homem de sorte

Homem de sorte


Claro que me considero
um homem de sorte.
Dentro de pouco tempo
chegarei aos 30.
Ainda tenho cabelo,
vogais femininas
e consoantes masculinas
para escrever
e me sentir vivo.

Insônia 2

Insônia


Não durmo
tem duas noites.
Insônia ora remunerada,
ora prazerosa.
E uma angústia
de quem tem que viver 25 horas por dia.

Insônia

Insônia


A chuva conta no telhado
a história da noite.
A TV ligada,
sem motivo aparente, na CNN,
mostra o que não me interessa.
O gato acompanha
minha falta de sono.
Seis da manhã,
hoje eu não dormi.

Santidade

Santidade


Li 2 livros.
Tomei 3 venenos.
Me senti mal em meio a tanta
santidade e reverência.

Não amar

Não amar


A dor
de não amar
é faca
de serra.
Corta
e dilacera.
Enferrujada,
deixa o tétano
em gotas de indiferença.

Semana que vem chega o caminhão

Semana que vem chega o caminhão


Rasguei fotografias,
rasguei cartas,
canções e recados amassados.
Na lixeira ateei fogo,
como um altar-mor para amores antigos,
amigos esquecidos,
que só agora reparo
que nunca estiveram vivos.

Carência

Carência


Reclamo da carência
dos meus bichos,
dos meus amigos
e da minha mulher.


Na verdade a carência é minha.
Ainda bem que eles não notam.

Certidão de Nascimento

Certidão de Nascimento


Sou catalão, sou português,
paraguaio muambeiro,
um pouco índio brasileiro.
Meio judeu, meio cristão
cantando reggae em alemão.
Mas prometo até o fim do ano
dizer te amo em italiano.

Um dia após o outro

Um dia após o outro


Minha idade me cansa,
minha expectativa me cansa e
o café fraco me causa azia.
Não amadureço, não envelheço,
apenas vejo os dias passarem.

Finados

Finados


Cinza e verde.
Segunda-feira de Finados.
Visita de família,
como um almoço de domingo.
Nossa suave alegria
de mortos-vivos.

Feitiço

Feitiço


Sinto-me como
um Mago de uma magia menor.
Coloco as palavras
desordenadamente em ordem.
Versos tolos, fúteis e inúteis.
Não quero enfeitiçar ninguém.
Só eu mesmo e o papel.

Carta Testamento

Carta Testamento


Quem sabe eu te deixe
uma carta testamento,
como um momento,
um momento suicida.


Quem sabe eu te deixe
todo sentido da vida.

Impatiens

Impatiens


As Marias-sem-vergonha,
que você insiste em chamar de
Impatiens,
se debruçam na
Estrada das Paineiras.
Só entende a felicidade
desta plantinha colorida
quem ama os dias chuvosos.

Skyline Carioca

Skyline Carioca


No contorno
das montanhas do meu Rio
vejo as curvas do teu corpo esguio.
Cena de um conto,
fotografia em poesia.

Dois Irmãos

Dois Irmãos


Se o Mundo acaba
depois do Dois Irmãos
não se culpe meu amor,
não me culpe por favor.

Versos Curtos

Versos Curtos
Encurtei os versos
até a altura das saias
das meninas de Copacabana.
Que difícil a arte da vida fácil:
vender o amor
sem ter tempo para ser breve.

Poesia Incompleta

Poesia Incompleta
Francisco Alves Editora
©1998
Guto Graça

Quatro Amores de Cidade

"Toda arte é inútil"
Oscar Wilde.




Blue Moon
Bolero Lisboeta
Barcelona
São Paulo



Retratos dos Amores de um Adolescente Enquanto Cão

"Assim o que eu pensava nada significar para mim, era muito simplesmente toda minha vida".
Marcel Proust
Imbecil Trova Amorosa
A Pretensão
Seus Desejos
Ansiedade Inútil
Rasgo
Rimbaud e Verlaine
Trova Numérica
Amor na Paulista
Sentimental

A Arte de Envelhecer

"Até bem pouco tempo atrás, poderíamos mudar o mundo. Quem roubou nossa coragem?"
Renato Russo
A Amante Virtual
Benjamin Baptista
Cosme Velho
No Glamour Night
Dia de Chuva
Eutanásia
Things Change
Haicai Malfeito
Segundo Haicai Malfeito
Preto e Branco
Occhi Neri
Por Coerência

Última Parte

"Cigarro apagado no canto da boca, enquanto passa o seu passado".
Guilherme de Almeida
Noite de Verão
Mãe
Meu Convite
A Morte do Coleiro
Tarde com Billie
Poesia sem Nome
Meu Amarcord

Meu Amarcord

Meu Amarcord

ou Amigos retrospectiva.

Amigos,
dividimos o bem maior
que é dado aos mortais:
a adolescência,
um estado intermediário entre
a felicidade e a responsabilidade.
O divertimento como preocupação maior
Futebol na rua.
-"Olha o carro!"
Vinho barato,
algumas brigas,
primeiras mulheres
primeiros porres e
rock.
Chega uma hora que é hora de agradecer
por este tempo.
De agradecer a tanta gente,
por tanta coisa.
Ao Artur pela calma, hospitalidade e paciência
ao Garça pelos discos que roubei e pela
companhia dominical no 557
lembras?
o Cau,
não sei bem porquê,
meio Judas,
mas amigo e amado.
Ao Porfírio
pelo mau gosto e alegria.
Ao Marcelinho,
que perguntava:
"Quando a gente crescer será que a gente vai se ver?"
e eu o vejo todo dia após o meio-dia.
Ao Pião
que um dia já soube jogar futebol.
As meninas,
amigas e namoradas,
algumas que ficaram pro Caritó,
outras que casaram e não deixaram
o endereço.
Aos velhos
que curiosamente
ficaram menos velhos
agora que eu também envelheci.
Ao avô que me adotou
e que aceitei com orgulho ser o neto postiço.
Obrigado pela amizade,
pelas viagens Brasil afora seguindo a bola.
Ao Estação Botafogo
contribuindo para meu pseudointelectualismo adolescente.
A Fluminense FM,
que sinto a falta até hoje quando ligo o rádio.
Faço minha homenagem "póstuma":
Não sintonizo os 94.9 no dial do FM. Jamais.
Ao Urgência,
(André, Carlos e Adam),
a mais cult de todas as bandas de rock,
pelos ensaios barulhentos na casa 434 da
Khalil Gibran. E aos amigos que não
considerei, mais por preguiça
que por falta de importância,
um abraço com carinho.

Poesia sem Nome

Poesia sem Nome

Bebo lentamente
o xerez do copo
que ganhei do escritor cego.

A noite chegou tão quieta
que eu pensei que ainda fosse dia.

Nesta noite,
sou eu contra o mundo.

Tarde com Billie

Tarde com Billie

Domingo quente e ensolarado
neste resto de verão que se vai.
No som
Billie Holiday
refresca meus ouvidos
acalma minha alma.

Descalço, com os pés na terra,
escrevo estes versos amarrotados
e incontinentes numa tarde azul
sob o olhar do meu pinheiro.

Falta-me o cigarro,
afinal eu não fumo,
para dar uma baforada existencialista
num Gauloises imaginário.

A Morte do Coleiro

A Morte do Coleiro

A leveza da morte
às vezes é brusca.
Como meu coleiro esmagado
na boca de um gato preto.
A gaiola deserta
parecia uma noite comum
sem o colo materno.
Eu tinha 4 anos
e tratava a morte como rotina.

Meu convite

Meu convite

Entra em casa,
faz barulho,
bate a porta.
Diz que me ama,
tem uma estrela,
não importa.

Mãe

Mãe

Eu fingia dormir
no colo de minha mãe
ouvindo-a cantar
"over the rainbow".
O quarto escuro não me dava medo,
me dava prazer.
A mínima quantidade de luz
fazia com que eu visse a
Madonna com moldura dourada na parede.
No ar o cheiro de eucalipto.

Um dia eu acordei e perguntei:
Mão, cadê você?

Noite de verão

Noite de verão

A estrela pinga no meu olho
uma poeira.
Penso em amor.
Penso em comida.
Penso em besteira.

A lua crescente
ilumina o outro lado,
pedaço da luz sem luz.
Como um letreiro quebrado.
Algo meio mal iluminado.
Vejo o contorno circular completo,
ainda que na penumbra.
Gosto de rir da Natureza,
tanto quanto gosto de rir com naturalidade.

Celebro este momento débil,
como quem faz uma prece tola.
Chego em casa,
acendo um incenso e
fico ouvindo Sinatra.
Sinatra com Jobim
cantando pra mim
"Fly me to the moon".

Por coerência

Por Coerência
(para Gorby)

Por coerência,
mais que inspiração,
tenho que escrever este poeminha.
Afinal, ele é o culpado de tudo.
O Gorbelho,
meu cachorro espacial.

Admito, sem vergonha,
que ele é meu professor,
me ensinou que na vida
nem tudo tem que ter porquê,
que amar é bom demais
e que sentimentos não se explicam.
Tudo isto
muito mais barato que anos de terapia.

Adoça meu jeito amargo e descrente
faz com que eu acredite
que viver
até que é bem razoável.

Oci ciornie

Occhi Neri
(para Fred)

Desenhando buracos no jardim,
uivando na madrugada ou
pedindo carinho carentemente inoportuno.
Eu te amo, Fred.

Meu occhi neri
balança o rabo
mas é orgulhoso.
Demonstra o ciúme de um modo mexicano
e berra nas noites
fazendo os vizinhos urrarem!
(até mesmo aqueles que mais amam os cachorros).
Tenho uma vingança bissexta:
acordo-o de madrugada com meus cutucões sonoros:
Fred, Fred, Fred.
E fecho a janela gargalhando com Carolina.

Tem mais de 50 apelidos,
personalidade humana e
guarda a casa dormindo no portão.
Tem tratamento de filho,
não pode ser chamado de cachorro ou cão.

Preto e branco

Preto e branco
(para Frajuto)

Presença suave,
impertinente e indiferente,
exercita um balé esquisito
quando caminha, nada silenciosamente, pela casa
na madrugada
acompanhando minha falta de sono.

Felinamente possui
um desajeito humano e cômico
coroado por um rabo cortado.

Criatura ronronante e
dorminhoca que se espreguiça
como quem ouve um reggae.
Desliza sua mão sobre o meu rosto
oferecendo um carinho de presente.

Invade minha cama,
meu colo e minha insônia
com a mesma desinibição
com que entrou em minha casa.
Meu Wrong and Right
Meu gato black and white.

Segundo Haikai Malfeito

Segundo Haicai Malfeito

Primavera,
e não abre nenhuma flor
no meu desfolhado coração de Outono.
O que interessa isto,
ou minha noite sem sono?

Hai kai mal feito

Haicai Malfeito

Sorver o saquê
não me faz lembrar
de nenhum haicai,
só de você.

Things Change

Things Change

É claro que as coisas mudam
e que o tempo existente neste mundo
não deixa tudo explicado.

Mas,
será que você se lembrou de ver
um filme que passou hoje na TV?
Aquele mesmo filme que vimos juntos,
quando a gente falava bobagem,
falava de amor
e fugia de filas nos cinemas.

Que bobagem a minha.
As coisas mudam rápido demais.
Rápido, sem dar tempo
que reparemos na essência
das filigranas rotineiras.

Eutanásia

Eutanásia

Eutanásia.
Eu tô na Ásia.
Se um dia
eu ficar pro lado de lá,
meio depois do Japão,
dá uma mão.
Aperta um botão.

Dia de Chuva

Dia de Chuva

Deixo a chuva molhar
o pára-brisa do carro amarelo.
Pelo vidro molhado,
um mosaico.
Vejo o mundo parecer uma pintura
impressionista.

No Glamour Night

No Glamour Night

Insônia por opção.
Dois trash movies.
Dois goles de Jack Daniel's
Coca-Cola e pipoca de microondas.

Sem echarpes de seda,
som de salto alto no corredor,
olhares lânguidos, batons e champanhe.
Sem desesperos, dores, melancolias profundas,
blues, porres e dramas também.

Palavras sem trato ou poesia.
Rádio AM
e seus comunicadores que
"are never sleeping."

Apenas uma noite
de quem não dorme
e conta sozinho
as estrelas no céu nublado.

Cosme Velho

Cosme Velho

Estas madrugadas
de Inverno,
ao pé do Corcovado,
me dão um gosto paulistano.

O bairro pacato,
adormece calado,
e ninguém repara
a minha solidão.

Fico na dúvida
entre minha morena
e uma caixa de remédio
para dar fim a este tédio.

Benjamim Baptista

Benjamim Baptista

A ladeira onde o carro passa,
atapetada por folhas suicidas,
faz o Verão parecer uma sagrada noite de Outono.

Se amanhã é quarta-feira,
por favor, deixem minhas cinzas
jogadas ao vento.

As folhas que o vento leva
contam a velha história nova.
E se a brisa bate leve
vou em paz e me sinto breve.

A Amante virtual

A Amante Virtual

Nos comentários
Ela existe.

Na boca e cabeça
dos outros.

É a amante virtual.

(PAUSA PARA MEDITAÇÃO)

Até que não é mau...

Sentimental

Sentimental

Sentimental.
Qualquer dramalhão da TV,
história triste
ou canção melada
me umedece os olhos.

Choro diante do espelho,
me vejo sozinho
entre tanta gente.

Eu odeio domingos ensolarados.

Amor na Paulista

Amor na Paulista

Queria te roubar um beijo
num conversível lilás
na Paulista
após a meia-noite.

Aumentaria o som.
Cantaria cheek to cheek
junto com a grande dama.
No meu pescoço,
você enroscada como
uma echarpe cinza.

Eu daria uma baforada
no meu cigarro imaginário e
me ajeitaria no sobretudo,
olhando para você.

Este seu rosto inocente
com olhos fechados me diria:
"Vá em frente."
A boca borrada de batom
me deixaria explodindo de excitação.

Pousaria a mão,
indecentemente,
nessas pernas moldadas
para uma diva de cinema.
As ligas na altura da coxa
me deixariam de quatro,
como um trouxa,
um tolo sentimental,
um insano e irracional.

Eu cantaria,
berraria que a amava
e aceleraria na Avenida.
Quereria você como nunca.

Só que me restou
apenas um blues.

Trova Numérica

Trova Numérica

Ela tem 34,
estimulante
como uma ninfeta de 16.
Quando me chama
não conto até 3.

Rimbaud e Verlaine

Rimbaud e Verlaine

Rimbaud e Verlaine
devem estar mortos,
podem estar vivos.
Foram separados
como dois amantes inimigos.
Eu, como leitor de seus livros,
fiz os dois se tornarem amigos.
Estão juntos, ao menos em minha estante.

Talvez agora,
coleguinhas,
estejam felizes.
Fazendo sonetos
e olhando para Ganimedes.

Rasgo...

Rasgo...

Rasgo a Jardim Botânico,
acelerando velozmente
numa noite fria.

Deixo o vidro aberto
para receber o vento gelado em meu rosto.

Fecho os olhos insandecidamente.
Quem sabe encontro você?
Ou me choco fortemente
e abraço um poste,
dando um beijo suado na morte?

Ansiedade Inútil

Ansiedade Inútil

O relógio apita e avisa
que a madrugada avança.

Insone,
vestido com um pijama cinza,
conto sozinho as estrelas num céu nublado.

Quem sabe você entra por aquela porta?
Quem sabe o telefone toca?

Não adianta.
Nas quartas-feiras
nada acontece.

Seus Desejos

Seus Desejos

Sei o que você quer.
Não sou paranormal, clarividente,
nem possuo bola de cristal.
Mas eu a conheço muito bem.
Seus desejos fazem parte
dos meus desejos.

É difícil.
Naquele domingo que lhe virei as costas,
matei-a afogada numa garrafa de vodca.
Hoje em dia quero lhe mandar um recado.
Escrever num outdoor
com letras garrafais:
"DESISTA, MINHA GATA,
VOCÊ NÃO EXISTE MAIS."

A pretensão

A pretensão

Você poderia ser Simone de Beauvoir,
uma líder feminista.
Eu, Jean Paul Sartre,
um filósofo existencialista.

Planos para dividir,
marcas para deixar,
rotina para cumprir,
caminhos para trilhar.

Podemos fazer tudo direitinho,
dentro do que chamam de convencional,
e continuamos a ouvir:
"Isto não é normal."

P.S. Sempre que leio isto
dá vontade de rir da nossa pretensão.

Imbecil Trova Amorosa

Imbecil Trova Amorosa

Se eu fosse um vulto histórico,
alguém importante,
digno de uma biografia,
não te daria
nem bom-dia.

Como não sou nada,
pouca coisa para ser considerado,
quero ser teu namorado.

Capas







São Paulo

São Paulo

Eu tinha fumaça nos olhos
e poeira na alma.

Por entre uma cortina,
formada pelo ar,
de qualidade razoável,
eu enxergava
minha linda
mulher feia.

Eu te amo, São Paulo,
minha Tóquio
que fala Português.

Barcelona

Barcelona

Minha catalã posair
com quem tive meu affair.
Que desdenho você pode ter deste mundo.
Você deixa qualquer um atordoado.
Quem a conhece, ou por você passa,
cai apaixonado.

Depois de você,
a minha flor vermelha é roja
as louras são rubias
e meu coração
ficou no ritmo de uma paixão.

P.S. Não se preocupe con la movida madrileña

Bolero Lisboeta

Bolero Lisboeta

Em Lisboa,
me sinto à toa,
sem santos mistérios
ou pessoa em pessoa.

Blue Moon - Poesia Carioca

Blue Moon

Vou sobrevoar o Rio
num aeroplano púrpura.
Por pura loucura,
viajar na noite de lua cheia.

Acelerar mais forte,
ver teu rosto refletido na Guanabara
numa noite clara,
sem tramas ou dramas,
baladas, drogas ou rock.

Queria te ver
bailando a dança do ventre,
envolta em crepes de seda siderais
como as venusianas sensuais.

Minha loucura
desemboca nas artérias da cidade.
Chego sozinho como um cão que uiva.
Onde estará aquela ruiva?